quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Quanto vale ou é por quilo
Sinopse:
Uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII um capitão-do-mato captura um escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver.
Fonte: Site Adoro Cinema. Disponível em http://www.adorocinema.com/filmes/filme-110753/. Acesso em 14/10/2015.
Elabore uma breve análise fílmica de Quanto vale ou é por quilo (Brasil: dir. Sergio Bianchi, 2005) levando em consideração os seguintes elementos discutidos em sala de aula:
1) zona não visível (Segundo Marc Ferro),
2) leitura histórica do filme e leitura cinematográfica da história,
3) iluminação, som, cenário, tomadas e cortes de câmera e ritmo.
A atividade deve ser feita pelo grupo formado para o trabalho final e postada como comentário desse post. Coloque o nome do grupo, nome e o RA de todos os integrantes. Mínimo 10, máximo 30 linhas.
Data e horário final para postagem 21.10 às 23h59.
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Renan Gustavo Magalhães - RA 21032413
ResponderExcluirNataly Fernandes Vieira - RA 21081812
Nathaly Rizzatti - RA 21045614
Camila do Nascimento Viana - RA 21068613
Fernanda L. de Souza Ribeiro - RA 21028013
Natasha Lima - RA 21080214
Daniel Tavares - RA 11086512
Em ‘Quanto vale ou é por quilo?’ observamos a comunicação entre o visível e o não visível, inicialmente, na utilização de artifícios técnicos e visuais (angulação e planos) capazes de ilustrar a temática sobre um viés muito distinto da linguagem escrita de fatos históricos a que estamos habituados. Através da interpretação e usos de luz captamos sensações e observamos ‘demonstrações’ da história, o que torna o filme como própria testemunha, uma vez que possui a capacidade de destruir imagens construídas ao mesmo tempo em que reproduz a realidade. Em tal obra nos defrontamos com iniquidades e despojos do período escravocrata, observados tanto em sua deliberada ação quanto em suas consequências e marcas indeléveis na atualidade, sobrepostos e articulados pelo roteiro de maneira a criar enredo e registro. Todas essas informações juntas possibilitam, em palavras de Marc Ferro, ‘descobrir o que está latente por trás do aparente, o não visível através do visível’.
Utilizando como objeto central as campanhas de marketing social que vêem na miséria um negócio extremamente lucrativo, o diretor procura fazer um paralelo entre o Brasil colônia e o Brasil contemporâneo, focalizando nas relações de como as classes dominantes se portavam e continuam procedendo frente aos menos favorecidos. A aparente distinção entre as duas épocas cai por terra quando a produção se dedica a retratar como o comportamento de séculos passados continua presente na atual sociedade brasileira. Para isso, são empregados trechos verídicos de arquivos da Biblioteca Nacional, a fim de proporcionar coerência entre os comportamentos da sociedade brasileira no passado e na atualidade.
Com grande acidez, o diretor constrói o filme montando uma sequência de planos de maneira que as situações ocorridas no período escravocrata são seguidas por outras passadas na história construída no período contemporâneo – e em outras, as diferentes épocas se misturam. Através da transição de uma época a outra se utilizando de cortes simultâneos entre as cenas, rapidamente pode-se estabelecer comparações e perceber relações evidentes entres os casos. O filme ainda ganha ares de documentário atribuindo elementos do gênero na produção, em que com intervenções pontuais são apresentadas informações e dados concretos, dando veracidade aos fatos da narrativa. Vale a pena destacar ainda a sonoridade produzida de maneira a deixar o clima do longa tenso e pesado, provocando grande incômodo como deveria ser.
Zona não visível: Trata das discussões da época em que o filme foi realizado. O grupo não entendeu a questão. Menciona artifícios técnicos e visuais e não as discussões da época.
ExcluirLeitura histórica do Filme e cinematográfica: O grupo menciona o filme como uma testemunha própria, capaz de destruir imagens construídas ao longo do tempo. Em seguida, cita o passado e o presente, como consequências do passado escravocrata. Faz a leitura cinematográfica, mas não a histórica.
O Grupo contou parte do filme, mencionando o uso do marketing como negócio lucrativo e as cenas com as fotos antigas. “Com grande acidez, o diretor constrói o filme montando uma sequência de planos de maneira que as situações ocorridas no período escravocrata...”
Grupo "Olga"
ResponderExcluirAndréia dos Santos Pereira, RA: 21073214
Douglas Correa, RA: 21050214
Giovanna Olinda, RA: 21017514
Henrique Pimentel Pascon, RA: 21026914
Juliana Macedo, RA: 21035314
Marcella Simonini, RA: 21040414
Victor Mauro Gonçalves Setti, RA: 21015014
O filme “Quanto vale ou é por quilo?” traça um paralelo entre o Brasil escravocrata do século XVIII e o Brasil no começo dos anos 2000, destacando temas como relações raciais e desigualdade econômica. Lançado em 2005, o diretor Sergio Bianchi está incluso em um cenário do fim do governo FHC, onde se tem uma grande desconfiança na eficiência do Estado. Além disso, apresenta uma pesada crítica à classe média e ao chamado "terceiro setor", que, por vezes, transformam solidariedade em negócio e o ser humano em mercadoria. Bianchi é conhecido por outros filmes que possuem um cunho denunciativo, além de ser um forte crítico da burocracia.
Seguindo o método analítico proposto por Marc Ferro, temos que o filme retrata a realidade das sociedades marginalizadas desde a escravidão. Parte do cenário remete à era escravista brasileira enquanto que, na perspectiva atual da narrativa, temos como cenário principal a área urbana e periférica, onde observamos com mais nitidez a desigualdade e desolação social. Intercalando cenas, o diretor distingue e evidencia as classes sociais opostas e a herança da escravidão.
A iluminação é predominantemente natural, marcado pelas grandes quantidades de cenas externas. Já a trilha sonora é composta por uma mistura entre músicas clássicas, como Tchaikovski, e músicas brasileiras contemporâneas, como Nação Zumbi e Marcelo D2; contudo, o som que se destaca ao longo do filme é a respiração ofegante dos escravos sob a máscara de folha de flandres, que se repete em diversos momentos do filme.
O filme apresenta progressão não-linear com ênfase nos personagens e nas cenas, onde cada uma se mostra necessária em si mesma, de forma a garantir o entendimento e interesse por parte do público, uma vez que o filme apresenta vários núcleos temáticos. O ritmo do filme se dá pela alternância entre sequências com grande número de personagens, sons e falas e sequências mais leves. O corte direto foi usado em cenas que ocorriam no mesmo local, para dar a sensação de que tudo estava acontecendo ao mesmo tempo ainda que em períodos históricos distintos - isso demonstra uma preocupação em transpor as situações e mostrar suas semelhanças, mesmo variando o cenário e o contexto.
Foi utilizado também o recurso “Pull Back”, que consiste no foco de algum elemento no plano B que já havia sido mostrado anteriormente no plano A na mesma cena. Outro recurso foi o “Cut in” que nada mais é do que enquadramento do plano B mostrando algum elemento do plano A. Nas transições, a técnica mais usada foi o “Fade in”, principalmente após vinhetas que situavam em que lugar e tempo situava-se a próxima cena. O “Fade out” foi utilizado para transições entre cenas com eminência de emoções ou problemas dos personagens para cenas mais calmas ou de outro núcleo.
Zona não visível: Cita o governo FHC, desconfiança na eficiência do Estado. Crítica ao terceiro setor.
ExcluirLeitura histórica do Filme e cinematográfica: Realizado a leitura cinematográfica, muito embora não tenha citado o uso de documentos históricos para atestar a veracidade das informações passadas. Não faz a leitura histórica do filme.
Iluminação, som, cenário, tomadas e cortes: Menciona a iluminação e som, mas não faz análise.
ResponderExcluirGrupo 5
Beatriz Manocchi (21076512)
Gustavo Calil (21075712)
Juliana Strinta (21083412)
Rafael Akio (21066412)
Rafael Cabral (21072412)
Scarlett Rodrigues (21073712)
O conceito de Marc Ferro de “zona não visível” trabalha com a ideia de atingir o conteúdo ideológico por detrás do aparente trazido pelo filme, contendo as mensagens que ele anseia transmitir. Assim, sugere que toda produção cinematográfica, sendo uma produção cultural, é fruto do momento histórico que está inserido. O filme, não foge dessa indicação, já que ao assistí-lo, logo vemos que em sua proposta inicial temos uma complexa trama, fortemente influenciada pelos mecanismos políticos, econômicos e sociais do momento histórico que está contextualizada. Através disso, com crítica social aguda, o filme de Sergio expõe as contradições existentes em uma sociedade escravocrata e reencenadas no Brasil do século XXI, na tentativa de demonstrar uma continuidade da exploração da população negra brasileira através da permanência da relação de dominação, retrata os "relacionamentos" existentes entre as pessoas, desde senhores e escravos até patroa e funcionário, mas essa não é uma relação amorosa, e sim uma troca de favores e pessoas(mas não qualquer pessoa) um comércio. E através de cenas atemporais, ele faz um paralelo entre essas relações no periodo da escravidão e os dias de hoje, mostrando que esse tipo de “comércio”, de dominio, ainda acontece. E um exemplo disso é a relação entre Antônia (senhora de escravos) e a escrava Lucrécia, que se assemelha com a relação entre Mônica e sua Patroa (século XXI). Sem contar que retrata a pobreza, que gera violência e criminalidade, tanto na época escravocrata quanto nos dias atuais (exemplo sao os capitaes do mato e a historia de Candinho).Aí reside a separação entre o conteúdo aparente e o conteúdo latente dessa produção cinematográfica, no momento que se explicita uma crítica social dessas relações maquiladas, ao passo que expõe aspectos da nossa sociedade. A realidade mostrada no filme afeta primeiramente aos olhos e depois a cabeça para juntar todos os fragmentos. O som é o primeiro contato que temos, no desenho que a obra se pretende, com gritos da negra dona de escravos. A sonoplastia aparece muitas vezes como ligação entre planos, fazendo que a crítica se construa também através do som, como na cena em que a senhora catadora passa aos nossos olhos, carregada de um carrinho e uma canção, logo em seguida, o som aparece junto a imagem da escrava torturada. Tal movimento do som, remonta com clareza o que a obra se mostra: a perpetuação da tradição da escravocrata. Sem contar nos sons fortes de batuque nas cenas em que era mostrada a escravidão e sons mais melancólicos ao mostrar pobreza nos dias atuais. Nota-se o fato do diretor usar os mesmos artistas pra fazer personagens das duas épocas para compreendermos melhor as relações existentes nos dois tempos. Esteticamente, os atores aparecem posicionados, no “fim” de suas pequenas histórias, exatamente da maneira como em outra história já relatada, tais enquadramentos contribuem para que o sentimento de continuidade se propague pelo filme. Destaca-se pelo uso de spots de iluminação branca como destaque num cenário escuro.
Zona não visível: Cita genericamente “os momentos políticos, economicos e sociais” do filme, mas não os diz claramente. Neste sentido, não há uma análise da zona não visível do filme.
ExcluirLeitura histórica do Filme e cinematográfica: Explica a relação passado e presente, mostrando as continuidades demonstradas no filme. Falta realizar a leitura histórica do filme.
Iluminação, som, cenário, tomadas e cortes: Faz uma análise do som, apenas. Não menciona iluminação, nem cenário e outros itens.
Grupo 1 - "Para frente Brasil"
ResponderExcluirDaniela Pereira - RA 21075114
Danilo Lauri Luciano - RA 21060813
Vlademir dos S. Oliveira - RA 11041611
Marcus Vinicius Pontes Sotter - RA 11028212
Juliana Z. de Oliveira Santos - RA 21044413
Larissa de Cássia Cruvinel - RA 21038211
O filme “Quanto vale ou é por quilo?” apresenta o sistema escravocrata do século XVIII e como disfarçadamente este sistema permanece no Brasil atual. Se no século XVIII o sistema era baseado na manutenção da desigualdade de raças (branco e negro), nos dias de hoje temos a manutenção não da desigualdade de raças, mas na desigualdade socioeconômica. Os personagens representam estereótipos da sociedade brasileira: escravos e pobres negros, brancos ricos e com concentração de poder. O filme reflete a relação entre opressores e oprimidos, expondo a perpetuação da repressão e da desigualdade, com a mudança da forma como fazê-lo.
Como análise técnica audiovisual, observamos: cenas escuras com alto contraste de iluminação (tochas, fogo, velas, luz artificial...) para dar realce e apelo visual. O enfoque nas cenas com cortes repentinos de câmera para tensão. A predominância de iluminação artificial, com jogo no contraste forte entre claro e escuro para provocar impacto. Câmera típica de documentários artísticos com realce dos elementos em foco como exposição de um conceito nele mesmo para causar impacto, transmissão de ideias e choque, muitas vezes cenas estáticas com fundo vazio/estético e realce apenas no objeto/pessoa/ideia/diálogo.
Cenas de pontos são chave da história, variando em iluminação natural e artificial, sem tanto impacto visual e ângulos de câmera mais naturais, predominância de enquadramentos simples e estéticos nas cenas, sem muita movimentação e quando elas ocorrem seguem a movimentação dos personagens sem parecer forçado ou frenético. O mesmo se dá em cenas de pontos chave da história, porém com um realce na iluminação destacando áreas claras e áreas escuras. Realce de ideias ou conceitos através da dramatização por meio de filtro em preto em branco de cenas. A conversa do personagem com a "câmera", realce na pessoa. Em relação a sonorização: Músicas pontuais, mas com letras marcantes que fazem referência a realidade enfrentada pela personagem como exemplo, o samba de raiz "As rosas não falam" na primeira cena na periferia onde ocorre um churrasco de aniversário. Em outras cenas, músicas de cultura popular fazem referência à periferia e músicas eruditas à elite econômica.
Zona não visível: Não trabalha a zona não visível, apenas oferece uma síntese do filme.
ExcluirLeitura histórica do Filme e cinematográfica: Não faz nem a leitura histórica, nem a cinematográfica.
Iluminação, som, cenário, tomadas e cortes: Há o mencionar das cores na iluminação, sem entrentato, relacioná-las com as cenas do filme, a fim de se fazer a análise. Desta forma, cita-se uma série de informações que ficam sem comprovação argumentativa. Por exemplo: “O mesmo se dá em cenas de pontos chave da história” - Quais pontos chaves da história? E como ocorre a iluminação mencionada nesta cena?
Já o som, entretanto, mencionou-se uma delas e associou-se com a cena do filme retratada, demonstrando a análise. No mais, apenas cita e não demonstra.
Angélica Oliveira Nobre - RA 21082913
ResponderExcluirVanessa Carolina da Silva Dias - RA 21049014
Yasmin Ligia Araújo Queiroz - RA 21077614
Matheus Roiffé Vincentin - RA 21039613
Rodney Cruz Rabelo - RA 21027514
André de Almeida Junior - RA 21027814
Thalita Ariany Trintinalia - RA 21004111
“A estratificação social gerada historicamente tem também como característica a racionalidade resultante de sua montagem como negócio que a uns privilegia e enobrece, fazendo-os donos da vida, e aos demais subjuga e degrada, como objeto de enriquecimento alheio” (Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, p. 194). É essa a ideia por trás do filme “Quanto Vale Ou É Por Quilo”, o qual critica as ações de cunho social realizadas no Brasil, que seriam mais um negócio que se beneficia da manutenção da miséria do que uma forma de diminuir as desigualdades. A obtenção de lucro estaria, portanto, sempre acima de qualquer interesse social. Também é evidenciado que as relações travadas na sociedade dos tempos da escravidão ainda estão muito presentes nos dias hoje, mas de forma menos explícita, o que dificulta ainda mais a superação das mesmas.
No início vemos algumas situações atuais intercaladas com histórias da escravidão. O primeiro plot point se dá na revelação de que a empresa responsável por um importante projeto social embolsou boa parte do dinheiro. A personagem Arminda percebe a injustiça, mas se vê forçada a se calar, de maneira análoga ao que acontecia na escravidão. Simultaneamente, o personagem Candinho se vê sem saída devido à falta de oportunidades e entra no crime para ganhar dinheiro mais fácil, situação que se repete com muitos outros jovens na realidade brasileira. O segundo plot point se dá quando Arminda se manifesta publicamente se mostrando uma ameaça ao sistema, ação que resulta no encontro entre ela e Candinho, nos mostrando que o desfecho mais provável para essa realidade é a perpetuação do sistema vigente e da violência que lhe é inerente, pois calar as gerações atuais que querem agir de acordo com a lei, é calar as gerações futuras, situação simbolizada na morte de Arminda grávida, e, por outro lado, agir à margem da lei, apenas mantem o status quo.
Na iluminação das cenas temos iluminação escura e insaturada para as imagens do passado, que fortalecem a ideia de um período sombrio para a classe menos favorecida. Exemplo disso é a cena onde escravos usam instrumentos de tortura em um ambiente escuro. Os sons procuram trazer mais realidade as cenas, de acordo com a época que estas relatam. Merece destaque a cena em que a personagem Arminda é apresentada, ao som do samba “As rosas não falam”, de Cartola, que identifica aquilo que será a sua necessidade dramática por toda a trama. Quanto as tomadas e cortes, percebemos que o assunto sempre está centralizado e na altura mediana das pessoas, transmitindo também uma sensação de que a cena é real, e não fictícia. A estratégia de organizar as cenas de maneira que elas se contradigam, acentua certo tom de ironia ao filme. As tomadas intercaladas e sobrepostas entre contextos atuais e escravista aclaram a proximidade de comportamentos entre ambas as épocas.
Zona não visível: Não realiza a análise da zona não visível, antes, conta o filme.
ExcluirLeitura histórica do Filme e cinematográfica: Sequer menciona o diretor do filme... Não há leitura histórica. Com relação a cinematográfica, faz-se uma síntese do filme e não aponta o uso das estratégias cinematográficas para demonstrar como a mensagem foi veiculada.
Iluminação, som, cenário, tomadas e cortes: Realiza uma breve análise da iluminação, do som, das tomadas e cortes, citando exemplos e demonstrando com as cenas do filme.
Pamella Oliveira - 11011414
ResponderExcluirMorena Selerges - 21033114
Amanda Bontempi - 21056114
Bruno Ernolino - 21005214
Adriano Fidelis - 21025414
De acordo com a análise de Marc Ferro, os filmes são frutos do momento histórico em que são produzidos e dialogam com o mundo que o rodeia, com ou sem a intencionalidade do diretor. Tem-se na zona do não visível os “lapsos” que denunciam a visão de mundo do autor, o público a quem a obra é direcionada, o momento histórico em que foi filmado e o regime de governo da época em que o filme foi produzido.
Em “Quanto vale ou é por quilo?”, um dos lapsos que revelam o período em que a obra foi filmada é a cena que relata a história da ex-escrava alforriada, Joana. A cena acontece em 1799, e para expressar a 'ascensão social' de escrava para dona de escrava, ela junta seus escravos e orgulhosa tira uma fotografia. Não foi considerado ao escrever a cena que a fotografia só chegou ao Brasil em meados de 1830. O momento político vivido em 2005 tem muita influência no debate trazido pelo filme, uma vez que, após os anos de ditadura, foi no governo de 2002 que os movimentos sociais tiveram mais autonomia e liberdade para discutir e reivindicar suas pautas específicas com a população.
O filme traz à tona a realidade socioeconômica brasileira. A estratégia utilizada é a analogia do passado colonial e escravista com a realidade atual do país, mostrando a continuidade das relações de opressão através da permanência de novas formas de trabalho análogas à escravidão. Dessa forma, o diálogo de um filme que está retratando o passado é estabelecido sempre com conflitos existentes no presente. As personagens consubstanciam metáforas de problemáticas atuais.
O foco da história é mostrar quais são as formas de “escravidão” que ainda persistem em nossa sociedade, bem como suas novas formas de dominação. Para alcançar esse objetivo, um último recurso foi inserido no roteiro: a presença de cenas de caráter histórico, como nas encenações do conto “Pai Contra Mãe” de Machado de Assis. As cenas mostram o cotidiano da escravidão nos séculos XVIII e XIX, com o intuito de lembrar ao espectador a forma como era inserida na sociedade capitalista colonial - um forte mercado para comércio e também uma importante fonte de renda, o que lhe conferia uma certa “justificação de existência”.
Escolhendo o Terceiro Setor como um dos eixos da obra, Bianchi retoma a ironia machadiana ao indicar que até mesmo atividades aparentemente idôneas podem ser fonte de lucro e vantagem para uma classe que se beneficia de um sistema desigual. A contradição, emblema máximo do final do conto de Machado de Assis, faz-se presente no filme a partir do fato de que pode haver lucro em cima da miséria e dos despossuídos.
Por fim, a História assume um caráter remissivo, sendo possível estabelecer diálogos entre o presente e passado seguindo o fio da continuidade dos problemas. Assim, as cenas históricas se fazem presentes para compor o escopo geral do filme e para introduzir a crítica, mas também para justificá-la. O recurso de utilizar os mesmos atores encenando personagens de diferentes épocas ou, para aqueles que conhecem o conto de Machado, a transposição dos personagens novecentistas para dias atuais são exemplos disto.
O filme conta a história utilizando o recurso de diferentes histórias interligadas. Desde momentos do passado até o presente, com diferentes personagens. O diretor também optou por usar variados formatos de narrativa, como institucional, documentário e filme de época. A escolha do ritmo é interessante ao intercalar cenas ágeis com sequências mais calmas. O uso de planos amplos com uma câmera que acompanha a ação. A iluminação escolhida para as cenas de estúdio realça os atores e sua expressão. Nas tomadas externas é usada iluminação natural. Para cenas de época os cenários foram recriados e nas atuais foram usadas locações. O uso da voz em off é bastante eficaz no filme, dando uma agilidade narrativa e explicando pontos importantes. A trilha vai de samba à música erudita.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirZona não visível: Trabalhou bem o conceito de zona não visível, citando o autor e demonstrando no filme analisado. Fez a menção da época histórica em que o filme foi produzido e relacionou com os movimentos sociais do início do século XX.
ExcluirLeitura histórica do Filme e cinematográfica: Faz uma boa leitura cinematográfica, apontando as permanências nas relações de poder. A leitura histórica foi fraca, embora tenha citado curiosidades em relação ao filme, citando também o diretor e sua intencionalidade com ao filme.
Iluminação, som, cenário, tomadas e cortes: Cita-se exemplos da iluminação com relação as cenas externas, no mais, apenas cita-se sem relacionar som, cenas e tomadas com o filme diretamente. Apesar disto, fez um bom trabalho.
O filme traça um paralelo entre a sociedade brasileira atual e a sociedade da época da colonização, no qual revela que o sistema que privilegiava alguns poucos em detrimento de muitos está presente de forma intrínseca até os dias atuais, encoberto, hoje, por uma democracia seletiva e uma nobreza "caridosa".
ResponderExcluirOs diversos cortes cronológicos que ocorrem durante o filme são propositais e as transições abruptas entre o século XVIII e XXI, têm a função de chocar o espectador levando-o a ponderar as tais significativas mudanças ocorridas nos últimos séculos no que diz respeito a condição humana pouco valorizada, dada aos mais pobres.
O autor com a narrativa expressa suas ideias de forma clara. E seus personagens, cenários, luz, foco, cortes de câmera levam o espector exatamente ao tempo e situação que o autor busca mostrar. As relações entre os personagens também trazem a sensação que os mais privilegiados da sociedade estão sempre em melhores aspectos visuais e emocionais do que os que estão em piores condições sociais. No filme isso fica bem nítido e remete à condição que a sociedade coloca cada classe, na qual o pobre e negro estão sempre em uma "zona mais escura" e submissa enquanto que os brancos estão sempre em uma "zona mais clara", mais satisfeitos e indeferentes a demais condições sociais. Na realidade, a manutenção da miséria e pobreza a partir da "ajuda" aos menos favorecidos, mantém o ciclo de desigualdade e submissão que há na sociedade.
A narração do filme é feita por Milton Gonçalves, reconhecido ator negro brasileiro. Sua narração sobre as práticas utilizadas para correção dos escravos malcriados e arruaceiros que tentam fugir de sua condição de mercadoria, é marcada pelo tom de neutralidade quase cruel dado pelo ator. Isso revela de forma profunda a naturalidade com que essas relações ocorrem.
A forte crítica à função da democracia que no fim como disse o ator, também negro, Lázaro Ramos, em determinada cena do filme lembrando que o importante somente é ter liberdade para consumir. O diretor Bianchi apresenta a partir das cenas, em tempos distintos, a realidade chocante até sendo considerado um catastrofista por alguns e muito elogiado por outros.
Nomes:
Cleonice Gonzalez Reges – RA:21063512
Joyane Ferreira Silva – RA:21018613
Rafael Costa dos Santos – RA:21081012
Tairine Rafael Rodrigues – RA:21029712
Zona não visível: Não cita nenhuma informação concernente a zona não visível do filme.
ExcluirLeitura histórica do Filme e cinematográfica: Com relação a leitura histórica, faz menção ao diretor e a narração do filme feita por Milton Gonçalvez, reconhecido como ator negro. Faz uma análise cinematográfica mencionando as ideias defendidas pelo filme, sem, entretanto, analisar a razão disto: as relações de poder que permanecem. Cita as permanências superficialmente.
Iluminação, som, cenário, tomadas e cortes: Todas as informações deste tópico foi dada de maneira geral, sem relacionar com as cenas do filme. Cita-se, por exemplo, que a luz e os cortes de câmera levam “o espector exatamente ao tempo e situação que o autor busca mostrar”. A frase citada não faz uma análise, mas sim apenas aponta para a intenção do autor.
ResponderExcluirGrupo 5
Beatriz Manocchi (21076512)
Gustavo Calil (21075712)
Juliana Strinta (21083412)
Rafael Akio (21066412)
Rafael Cabral (21072412)
Scarlett Rodrigues (21073712)
O conceito de Marc Ferro de “zona não visível” trabalha com a ideia de atingir o conteúdo ideológico por detrás do aparente trazido pelo filme, contendo as mensagens que ele anseia transmitir. Assim, sugere que toda produção cinematográfica, sendo uma produção cultural, é fruto do momento histórico que está inserido. O filme, não foge dessa indicação, já que ao assistí-lo, logo vemos que em sua proposta inicial temos uma complexa trama, fortemente influenciada pelos mecanismos políticos, econômicos e sociais do momento histórico que está contextualizada. Através disso, com crítica social aguda, o filme de Sergio expõe as contradições existentes em uma sociedade escravocrata e reencenadas no Brasil do século XXI, na tentativa de demonstrar uma continuidade da exploração da população negra brasileira através da permanência da relação de dominação, retrata os "relacionamentos" existentes entre as pessoas, desde senhores e escravos até patroa e funcionário, mas essa não é uma relação amorosa, e sim uma troca de favores e pessoas(mas não qualquer pessoa) um comércio. E através de cenas atemporais, ele faz um paralelo entre essas relações no periodo da escravidão e os dias de hoje, mostrando que esse tipo de “comércio”, de dominio, ainda acontece. E um exemplo disso é a relação entre Antônia (senhora de escravos) e a escrava Lucrécia, que se assemelha com a relação entre Mônica e sua Patroa (século XXI). Sem contar que retrata a pobreza, que gera violência e criminalidade, tanto na época escravocrata quanto nos dias atuais (exemplo sao os capitaes do mato e a historia de Candinho).Aí reside a separação entre o conteúdo aparente e o conteúdo latente dessa produção cinematográfica, no momento que se explicita uma crítica social dessas relações maquiladas, ao passo que expõe aspectos da nossa sociedade. A realidade mostrada no filme afeta primeiramente aos olhos e depois a cabeça para juntar todos os fragmentos. O som é o primeiro contato que temos, no desenho que a obra se pretende, com gritos da negra dona de escravos. A sonoplastia aparece muitas vezes como ligação entre planos, fazendo que a crítica se construa também através do som, como na cena em que a senhora catadora passa aos nossos olhos, carregada de um carrinho e uma canção, logo em seguida, o som aparece junto a imagem da escrava torturada. Tal movimento do som, remonta com clareza o que a obra se mostra: a perpetuação da tradição da escravocrata. Sem contar nos sons fortes de batuque nas cenas em que era mostrada a escravidão e sons mais melancólicos ao mostrar pobreza nos dias atuais. Nota-se o fato do diretor usar os mesmos artistas pra fazer personagens das duas épocas para compreendermos melhor as relações existentes nos dois tempos. Esteticamente, os atores aparecem posicionados, no “fim” de suas pequenas histórias, exatamente da maneira como em outra história já relatada, tais enquadramentos contribuem para que o sentimento de continuidade se propague pelo filme. Destaca-se pelo uso de spots de iluminação branca como destaque num cenário escuro.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir" O filme utiliza de paralelos entre a época da escravidão e a atualidade para mostrar que os séculos não apagaram as características elitistas e brancas da nossa sociedade.
ResponderExcluirAs diversas situações atuais intercaladas com histórias do período escravista tem a função de chocar o espectador levando-o a questionar as mudanças sociais ocorridas durante os anos.
Utilizando como foco entidades que promovem o marketing social e tornam a miséria um negócio extremamente lucrativo o diretor centraliza as relações de como as elites tratavam e continuam tratando as classes mais baixas da sociedade. Os insuficientes ganhos sociais são exibidos claramente quando o diretor decide utilizar trechos de arquivos extraídos da Biblioteca Nacional para demonstrar as semelhanças entre relações de dominância entre as duas sociedades
A exemplo disso, tem-se a associação entre a cena de gravação da nova propaganda da ONG “Sorriso de Criança”, na qual quando uma criança não atende às expectativas do “diretor” é substituída por uma outra que exercesse melhor o papel, e a tradição histórica da venda ou troca de escravos que não trabalhassem de acordo com as vontades de seu senhor por outros mais eficazes.
Outro exemplo marcante é a evidente relação entre entra a funcionária Mônica da ONG e sua chefe com a escrava lucrécia e a senhora de escravos Antônia. Além disso,as duas também retratam a violência gerada com essa pobreza,alinhando a história de Candinho com as dos capitães do mato.
Grupo 3:
Camila Almeida Alves Souza - RA 21005912
Victor André P. Coelho - RA 11038809
Pedro Henrique Callegari - RA 21041513
Gabriel Said - RA 21088415
Luciana Akemi - RA 21012312
Sara Danielle B. Brito - RA 2103161
POSTAGEM CORRETA - enviada por email dentro do prazo.
ResponderExcluirGrupo 3
Camila Almeida A. Souza - 21005912
Victor André P. Coelho - 11038809
Pedro Henrique Callegari - 21041513
Gabriel Said - 21088415
Luciana Akemi - 21012312
Sara Danielle B. Brito - 21031614
O filme “Quanto vale ou é por quilo?” mistura ficção, realidade e documentos históricos para dar ao espectador um choque de realidade, mostrando que se perpetua o uso/manipulação das pessoas. Se antes era pelo poder coercitivo que se dominava os escravos, agora se usam as ideias, ou marketing social, para explorar, através de organizações do terceiro setor, a miséria dos grandes centros urbanos. Assim, a estrutura se mantem intacta e nas mãos de poucos, pois como diz Marc Ferro, “A História é compreendida do ponto de vista daqueles que se encarregam da sociedade”. Mas, de acordo com o autor “O filme tem essa capacidade de desestruturar aquilo que diversas gerações de homens de Estado e pensadores conseguiram ordenar num belo equilíbrio”. Então, para confrontar essa História do Brasil, o diretor Sérgio Bianchi entrelaça várias histórias as relações desiguais e os interesses que perduram na estrutura social do país, onde são latentes as relações de exploração da mão-de-obra escrava, depois, proletária.
Este paradoxo é evidenciado na trilha sonora do filme, tal qual na cena dos escravos lavando roupas à beira do rio sob a melodia de um canto lírico, mostrando a opressão do branco em todos os ambientes. Já na cena da concessão dos computadores, a oportunidade à classe baixa da população é orquestrada por um barulho proposital. Por outro lado, se dá um corte rápido à cena do restaurante, com uma música calma de fundo, com a função de conformar o expectador com a situação de planejamento de exploração da miséria.
As imagens também retratam de forma proposital a predominância de figuras de poder em primeiro plano: iluminação focal no presidente da empresa na hora da reunião com mulher negra em segundo plano, tal como os senhores e os escravos.
Em contraste com cenas em que todos os elementos convergem a uma única sensação: o sofrimento latente - o fundo preto, a música em tons menores nas cenas de tortura aos negros. Outro registro se dá pela paleta de cores sépia, que deixa bem clara a alusão de que cada cena remete ao período colonial, contrastando com a iluminação natural, em grande parte, das situações correspondentes de exploração de poder nos dias atuais.
Quanto à sequência, os cortes são rápidos e os diálogos dinâmicos, na maioria das cenas. Utiliza-se o recurso de registro de um retrato para ressaltar a ironia expressa em cada história.
Há um predomínio da forma narrativa nas cenas históricas; já, nas cenas dos dias atuais, o recurso é do diálogo. Mas, quando se quer enfatizar uma mensagem específica, o único som emitido é pela voz do interlocutor, valendo-se do monólogo.
Por fim, Bianchi mostra uma crítica ao terceiro setor, onde através do marketing social muitas pessoas arrecadam dinheiro em causa própria, retratando o panorama da época em que o filme foi gravado, quando se deu uma explosão desse tipo de organização, como extensão das políticas sociais implementadas no governo vigente. Outro elemento emblemático desse debate é que na década de 1990, com a abertura de uma política neoliberal, delegou-se muito poder a ONGs e reduziu-se o tamanho e as funções do Estado, mas sem grande fiscalização do poder público, o que abriu oportunidade para que muitas entidades “pilantrópicas” explorassem e comercializassem a miséria para tirar proveito financeiro da parcela da população que deveria ser assistida.
Desta forma, os ciclos parecem se repetir - como visualizado na alternância de estilos cenográficos - e a desigualdade social acirra os ânimos, pois se o dinheiro que deveria ser empenhado para garantir acesso a serviços de qualidade não vem, vem a revolta. Esta e tantas outras críticas à manutenção de um sistema de opressão e desigualdade, são feitas de forma muito eficaz durante todo o filme.
Zona não visível: O grupo trabalhou este conceito, trazendo o contexto da década de 1990. Citou o apoio governamental as politicas sociais, a fim de reduzir as funções do Estado, embora sem grande fiscalização do poder público.
ExcluirLeitura histórica do Filme e cinematográfica: Faz menção ao diretor e a época histórica trabalhada no filme. Quanto a cinematografia, trabalha as permanências do passado no presente, faz críticas à exploração do trabalho, e constata no filme a continuidade das relações de poder.
Iluminação, som, cenário, tomadas e cortes: Faz boa análise do som, da iluminação e das cenas (cortes) do filme. Bom trabalho.